Sobre a pesquisa genealógica (não concluída).
A memória do cesquicentenário da natividade de Gualther resulta da sensibilização com os esforços dele e do filho João Pereira de Alencar (Veja aqui) para que os descendentes não deixassem cair no esquecimento as origens que os alencares tiveram desde Exu-PE e Crato-CE, com todos os reveses envolvidos nas desbravuras dos caminhos, seja cuidando de rebanhos e enfrentando os desafios impostos em cada cidade em que residiram. Neste sentido, a partir de 2010, familiares começaram juntar as histórias deixadas por Gualther e João, buscando as correspondências destas com uma pesquisa genealógica. Abaixo emblemática da Igreja de Flores em Tauá-CE, referente a fundação desta que foi a cidade de nascimento de Gualther:
Contando com importantes auxílios de sites que disponibilizam as imagens e informações de documentos antigos, tais como o Family Search, Geni e o Myharetage, foi possível avançar nas descobertas até em torno do ano de 1820. Descreve-se, por exemplo, o Termo de Batismo de Gualter da coleção de livros dos anos de 1725 a 1971:
"Gualter, branco, filho legítimo de Barnabé Damazo de Alencar, e de Alexandrina de Holanda Cavalcanti, nasceu aos vinte e nove de janeiro de mil oitocentos e setenta e três, e foi batizado por mim infra insignum nesta matriz de Flores, aos dois de fevereiro do mesmo ano. Foram seus padrinhos o Dr. Francisco Primeiro de Araújo Citó, e sua mulher D. Ana Leopoldina de Araújo Chaves, por procuradores José Damaso de Alencar e sua mulher Vicência Rodrigues de Oliveira, e para constar fiz este assento em que assinei.
Vigário Alexandre Ferreira Barreto"
Além descobrir-se ancestrais, a pesquisa relacionou os nomes de irmãos (Ana, Joaquim, Francisco, Raimundo e Vitalina), e tios paternos (Clarindo, Maria, Antônio, Esmenia, Ana Joaquina, Belizario, Carolina, Franklin, José, Paulina e Leonel) e de lugares que deram as pistas para que se possa concluir a árvore genealógica. Tomando por base alguns nomes a relação ficou assim:
Nome: Luís Magno Alencar, ludovicense morando em Santa Luzia do Paruá-MA.
Mãe: Francisca Araújo Alencar, nasc. em 1947 na cidade de Vitorino Freire-MA. (C/c Sebastião Zózimo Marinho Andrade). Fal. em São Luís, no ano de 1986.
Avô: João Pereira de Alencar, nasc. em 1909, na cidade de Altos-PI. (C/c Antonia Bezerra de Araújo). Fal. em Santa Luzia do Paruá, no ano de 1990.
Bisavô: Gualther Pereira de Alencar, nasc. em 23 de janeiro de 1873, na cidade de Tauá-CE. (C/c Ana da Matta Sousa). Fal. em Lago da Pedra-MA, no ano de 1946.
Trisavô: Barnabé Damazo de Alencar, nasc. estimado em 1848, em Crateús no Ceará. (C/c Alexandrina de Holanda Cavalcanti). Fal. estimado em 1873, na cidade de Tauá-CE.
Tetravós: Joaquim Damazo de Alencar, nasc. estimado em 1819, no Ceará (C/c Ana Joaquina de Sousa). Fal. em 1869 em Independência-CE.
Pentavós: Desconhecidos
Hexavós: Desconhecidos (aguardando confirmação de documentos a serem encontrados entre João Gonçalves Pereira de Alencar, Inácia Pereira de Alencar e Luís Pereira de Alencar), ambos do Crato ou adjacências.
Septavós: Joaquim Pereira de Alencar, nasc. em 1740 (na cidade de Exu-PE) e Teodora Rodrigues da Conceição, de Exu-PE. Fal. em 1804, em Crato-CE.
Octavós: Leonel Pereira de Alencar Rego (patriarca da Família Alencar no Brasil). C/c Maria da Assunção de Jesus Pereira, fundadores da cidade de Exu-PE. Nas. em 1678 em Frexeiro do Soutelo em Portugal. Fal. estimado em 1767. (Filho de Dorotéia de Alenquer: 1650-1697, neto de Ricardo de Alenquer: 1620-?, bisneto de João de Alenquer: Século XVI).
Revelações sobre o nome Gualther
Pode ter o nome Gualter se originado na família em uma época em que as memórias de Portugal ainda estavam frescas nas lembranças das primeiras gerações dos alencares. Pois sabe-se que as festas gualterinas, feitas em homenagem ao padroeiro de Guimarães, São Gualter, é uma das mais antigas e tradicionais entre os portugueses. Foi justamente este o nome recebido pelo Barão do Exu, Gualter Martiniano de Alencar Araripe (1824-1889).
Uma das surpresas interpretadas pelas investigações em curso, é que o barão serviu de fonte inspiradora para o nosso homenageado. Em 1873, o barão, que era apenas deputado da província de Pernambuco, além de político notável, entre os anos de 1856 e 1858, envolveu-se na defesa jurídica de uma negra chamada Hypólita, contra a reivindicação de uma escravidão ilegal na cidade do Crato-CE e Exu-PE. O paralelo de conexão entre o barão e nosso Gualther se explica pela homenagem feita na pia de batismo no dia 02 de fevereiro do mesmo ano, pelo padrinho, o juiz e abolicionista Dr. Francisco Primeiro de Araújo Citó, que aproveitou-se das origens da família em Crato e do pertencimento ao mesmo grupo familiar dos "Pereira de Alencar". O livro as desventuras de Hypólita mostra que, na época, o barão ainda tinha o nome de batismo, Gualter Pereira de Alencar (o acréscimo de "Martiniano" e de "Araripe", foram homenagens pósteras ao escritor José de Alencar e ao revolucionário Tristão de Alencar Araripe, o que o fez conhecido como Gualter Martiniano de Alencar Araripe.
A trajetória de Gualther até o Maranhão
Seguindo as trilhas de documentos, um deles datado de 1839, o mais antigo encontrado, menciona a atual cidade de Crateús-CE, seguida por Independência-CE e Tauá-CE, como as últimas cidades cearenses em que esteve a família, antes da partida de alguns de seus membros até Altos, no Piauí.
A atração pela posse de terras para cria de rebanhos foi o motor de condução das aventuras migratórias que levou Gualther a chegar no Maranhão. Acrescente aí a perca dos pais para a grande seca de 1877-79 no Ceará e a viuvez em 1923 no Piauí entre as razões extremas para mudanças. Nas histórias de famílias, a adoção do tio Leonel Pereira de Alencar (homônino do patriarca), fincou raízes em Altos-PI, onde nasceram os filhos (Eulália, Simplício, Anacleto, Branca, Francisca, Joana, Miguel, Ângela e João, o 3º filho com mesmo nome devido as mortes prematuras dos antecedentes). Na área rural da Altos que pertencia ao município de Teresina-PI (onde também estava a irmã mais velha, Vitalina), a propriedade rural no lugar chamado Mundo Novo, o falecimento da esposa Ana da Matta Sousa, fez Gualter pensar em suicídio, mas o alívio dos amigos e um telegrama do governador João Luís Ferreira o fez recuar naquele momento de luto. Gualther era conhecido por servir a vizinhança com um poço com água abundante e que existia na sua propriedade.
Depois de viver por cerca de 50 anos entre Altos e Teresina, Gualther decidiu seguir em direção ao Maranhão. As razões pessoais da viuvez, fora estimulada também pelo fenômeno migratório rumo ao vazio demográfico do Médio-mearim, onde Pedreiras-MA, a El Dourado dos retirantes era um dos atrativos para superação das secas e busca por terras devolutas, entre as décadas 1920-60. Casou-se com a senhora por nome Emília em Teresina-PI (de quem separou-se), e já no Maranhão, casou-se com a senhora Maria Modesta (Não há evidências seguras sobre a existência de filhos originados destes casamentos). Acompanhou ainda os primeiros passos do filho João, na cidade de São Bernardo (povoados "Baixão da Égua", "Morada Nova" e "Barro Branco"). O patriarca veio a falecer no Povoado Boa Vista (hoje pertence a Igarapé Grande-MA), em 1946, deixando à sorte dos descendentes a esperança da fertilidade do solo maranhense nos destinos de cada membro do núcleo alencarino estabelecido.