terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Núcleo da Família Alencar de Santa Luzia do Paruá recorda o ano do cesquicentenário de nascimento de GUALTHER PEREIRA DE ALENCAR

Foto ilustrativa: À esq. o ex Vereador e ex Pres. da Câmara Municipal de Santa Luzia do Paruá-MA, ADÃO ALENCAR, dito pelos pais, João e Antonia, "muito parecido com seu avô Gualther" (aqui, em foto de 1990, ao lado do ex Governador Cafeteira).
Os membros da Família Alencar de Santa Luzia do Paruá revivem em suas memórias o nome do ancestral que foi o principal responsável por estabelecer os destinos da família no Estado do Maranhão, desde as primeiras décadas do Século XX até os dias atuais. Trata-se de GUALTHER PEREIRA DE ALENCAR (1873-1946), que no dia 29 de janeiro, completará 150 de nascimento!

Sobre a pesquisa genealógica (não concluída).

A memória do cesquicentenário da natividade de Gualther resulta da sensibilização com os esforços dele e do filho João Pereira de Alencar (Veja aqui) para que os descendentes não deixassem cair no esquecimento as origens que os alencares  tiveram desde Exu-PE e Crato-CE, com todos os reveses envolvidos nas desbravuras dos caminhos, seja cuidando de rebanhos e enfrentando os desafios impostos em cada cidade em que residiram. Neste sentido, a partir de 2010, familiares começaram juntar as histórias deixadas por Gualther e João, buscando as correspondências destas com uma pesquisa genealógica. Abaixo emblemática da Igreja de Flores em Tauá-CE, referente a fundação desta que foi a cidade de nascimento de Gualther:

Contando com importantes auxílios de sites que disponibilizam as imagens e informações de documentos antigos, tais como o Family Search, Geni e o Myharetage, foi possível avançar nas descobertas até em torno do ano de 1820. Descreve-se, por exemplo, o Termo de Batismo de Gualter da coleção de livros dos anos de 1725 a 1971:

 "Gualter, branco, filho legítimo de Barnabé Damazo de Alencar, e de Alexandrina de Holanda Cavalcanti, nasceu aos vinte e nove de janeiro de mil oitocentos e setenta e três, e foi batizado por mim infra insignum nesta matriz de Flores, aos dois de fevereiro do mesmo ano. Foram seus padrinhos o Dr. Francisco Primeiro de Araújo Citó, e sua mulher D. Ana Leopoldina de Araújo Chaves, por procuradores José Damaso de Alencar e sua mulher Vicência Rodrigues de Oliveira, e para constar fiz este assento em que assinei. 

Vigário Alexandre Ferreira Barreto"   

Além descobrir-se ancestrais, a pesquisa relacionou os nomes de irmãos (Ana, Joaquim, Francisco,  Raimundo e Vitalina), e tios paternos (Clarindo, Maria, Antônio, Esmenia, Ana Joaquina, Belizario, Carolina, Franklin, José, Paulina e Leonel) e de lugares que deram as pistas para que se possa concluir a árvore genealógica. Tomando por base alguns nomes a relação ficou assim:

Nome: Luís Magno Alencar, ludovicense morando em Santa Luzia do Paruá-MA.

Mãe: Francisca Araújo Alencar, nasc. em 1947 na cidade de Vitorino Freire-MA. (C/c Sebastião Zózimo Marinho Andrade). Fal. em São Luís, no ano de 1986.

Avô: João Pereira de Alencar, nasc. em  1909, na cidade de Altos-PI. (C/c Antonia Bezerra de Araújo). Fal. em Santa Luzia do Paruá, no ano de 1990.

Bisavô: Gualther Pereira de Alencar, nasc. em 23 de janeiro de 1873, na cidade de Tauá-CE. (C/c Ana da Matta Sousa). Fal. em Lago da Pedra-MA, no ano de 1946.

Trisavô: Barnabé Damazo de Alencar, nasc. estimado em 1848, em Crateús no Ceará. (C/c Alexandrina de Holanda Cavalcanti). Fal. estimado em 1873, na cidade de Tauá-CE.

Tetravós: Joaquim Damazo de Alencar, nasc. estimado em 1819, no Ceará (C/c Ana Joaquina de Sousa). Fal. em 1869 em Independência-CE.

Pentavós: Desconhecidos

Hexavós: Desconhecidos (aguardando confirmação de documentos a serem encontrados entre João Gonçalves Pereira de Alencar, Inácia Pereira de Alencar e Luís Pereira de Alencar), ambos do Crato ou adjacências.

Septavós: Joaquim Pereira de Alencar, nasc. em 1740 (na cidade de Exu-PE) e Teodora Rodrigues da Conceição, de Exu-PE. Fal. em 1804, em Crato-CE.

Octavós: Leonel Pereira de Alencar Rego (patriarca da Família Alencar no Brasil). C/c Maria da Assunção de Jesus Pereira, fundadores da cidade de Exu-PE. Nas. em 1678 em Frexeiro do Soutelo em Portugal. Fal. estimado em 1767. (Filho de Dorotéia de Alenquer: 1650-1697, neto de Ricardo de Alenquer: 1620-?, bisneto de João de Alenquer: Século XVI).

Revelações sobre o nome Gualther

Pode ter o nome Gualter se originado na família em uma época em que as memórias de Portugal ainda estavam frescas nas lembranças das primeiras gerações dos alencares. Pois sabe-se que as festas gualterinas, feitas em homenagem ao padroeiro de Guimarães, São Gualter, é uma das mais antigas e tradicionais entre os portugueses. Foi justamente este o nome recebido pelo Barão do Exu, Gualter Martiniano de Alencar Araripe (1824-1889).

Uma das surpresas interpretadas pelas investigações em curso, é que o barão serviu de fonte inspiradora para o nosso homenageado. Em 1873, o barão, que era apenas deputado da província de Pernambuco, além de político notável, entre os anos de 1856 e 1858, envolveu-se na defesa jurídica de uma negra chamada Hypólita, contra a reivindicação de uma escravidão ilegal na cidade do Crato-CE e Exu-PE. O paralelo de conexão entre o barão e nosso Gualther se explica pela homenagem feita na pia de batismo no dia 02 de fevereiro do mesmo ano, pelo padrinho, o juiz e abolicionista Dr. Francisco Primeiro de Araújo Citó, que aproveitou-se das origens da família em Crato e do pertencimento ao mesmo grupo familiar dos "Pereira de Alencar". O livro as desventuras de Hypólita mostra que, na época, o barão ainda tinha o nome de batismo, Gualter Pereira de Alencar (o acréscimo de "Martiniano" e de "Araripe", foram homenagens pósteras ao escritor José de Alencar e ao revolucionário Tristão de Alencar Araripe, o que o fez conhecido como Gualter Martiniano de Alencar Araripe.  

A trajetória de Gualther até o Maranhão

Seguindo as trilhas de documentos, um deles datado de 1839, o mais antigo encontrado, menciona a atual cidade de Crateús-CE, seguida por Independência-CE e Tauá-CE, como as últimas cidades cearenses em que esteve a família, antes da partida de alguns de seus membros até Altos, no Piauí.

A atração pela posse de terras para cria de rebanhos foi o motor de condução das aventuras migratórias que levou Gualther a chegar no Maranhão. Acrescente aí a perca dos pais para a grande seca de 1877-79 no Ceará e a viuvez em 1923 no Piauí entre as razões extremas para mudanças. Nas histórias de famílias, a adoção do tio Leonel Pereira de Alencar (homônino do patriarca), fincou raízes em Altos-PI, onde nasceram os filhos (Eulália, Simplício, Anacleto, Branca, Francisca, Joana, Miguel, Ângela e João, o 3º filho com mesmo nome devido as mortes prematuras dos antecedentes).  Na área rural da Altos que pertencia ao município de Teresina-PI (onde também estava a irmã mais velha, Vitalina), a propriedade rural no lugar chamado Mundo Novo, o falecimento da esposa Ana da Matta Sousa, fez Gualter pensar em suicídio, mas o alívio dos amigos e um telegrama do governador João Luís Ferreira o fez recuar naquele momento de luto. Gualther era conhecido por servir a vizinhança com um poço com água abundante e que existia na sua propriedade.

Depois de viver por cerca de 50 anos entre Altos e Teresina, Gualther decidiu seguir em direção ao Maranhão. As razões pessoais da viuvez, fora estimulada também pelo fenômeno migratório rumo ao vazio demográfico do Médio-mearim, onde Pedreiras-MA, a El Dourado dos retirantes era um dos atrativos para superação das secas e busca por terras devolutas, entre as décadas 1920-60. Casou-se com a senhora por nome Emília em Teresina-PI (de quem separou-se), e já no Maranhão, casou-se com a senhora Maria Modesta (Não há evidências seguras sobre a existência de filhos originados destes casamentos). Acompanhou ainda os primeiros passos do filho João, na cidade de São Bernardo (povoados "Baixão da Égua", "Morada Nova" e "Barro Branco"). O patriarca veio a falecer no Povoado Boa Vista (hoje pertence a Igarapé Grande-MA), em 1946, deixando à sorte dos descendentes a esperança da fertilidade do solo maranhense nos destinos de cada membro do núcleo alencarino estabelecido.