terça-feira, 13 de dezembro de 2022

UM VIVA A NOSSA PADROEIRA! Parabéns a Santa Luzia do Paruá pelos 63 anos de tradição devocional a heroína da fé, virgem e mártir Santa Luzia

Trecho da pintura de Caravággio, de 1608
A chegada em 1957, do pioneiro Raimundo Rodrigues dos Santos, o "Codó", fundador do Tracuá (sede do município luziense), incluía no plano premeditado de começar um povoado, deixar nele a sua devoção a Santa Luzia, fato que explica a origem do topônico levado a lavratura da emancipação da cidade no ano 1987. Tal intenção foi, formalmente cristalizada no dia 13 de dezembro de 1959, quando se viu celebrar a 1ª Missa de Santa Luzia, que foi organizada por "Codó".

A celebração suscitou um esforço enorme de "Codó", isso, de acordo com sua filha, a "Dona Graça Preta" (in memorian), que viu seu pai preparar-se para uma viagem de vários dias até a cidade de Pinheiro, onde residia o padre Adolfo Sposio, missionário carioca da Igreja Católica Apostólica Brasileira/ICAB (este religioso havia sido enviado para o Maranhão pelo fundador da ICAB, Dom Carlos Duarte Costa). Não se sabe até hoje, se "Codó" havia tentado contato com a Igreja Romana, no entanto, a facilidade de trazer Padre Adolfo, foi suficiente para se iniciar os primeiros crentes na fé, dando-lhe as águas do batismo e uma devoção cristã que firmou-se na identidade municipal.

O local desta celebração, de acordo com Dona Graça, foi nas imediações da Agroville, estando presentes 5 famílias, entre estas, a Família Santos e a Família Veiga. A esta altura dos acontecimentos, embora tenha existido um rancho improvisado com palha, onde hoje está a Vila Verde, o lugar de moradia de "Codó" já era a Rua Santa Luzia, que recebeu este nome através do pioneiro.

A transição do devocional para a Igreja Romana, aconteceu bem no início da década de 70, pelas iniciativas de novos moradores, tais como o "Zé Vaqueiro" e Dona Maria Braga (irmã do empresário Manoel Leôncio), Dona Maria do Adolfo e Manoel Teixeira. A primeira missa, pode ser rastreada pelo encontro dos batistérios mais antigos, como o da Celebração do Frei Mário Grioul, datado de 13 de dezembro de 1971 (ele que era da missão franciscana na Região de Zé Doca). E num tempo antecedente, pode ter ocorrido em 1970, por ação missionária do Padre Geovane (missionário comboniano que já residia em Presidente Médici). Embora não tenhamos achado documentos de prova, a maioria dos contemporâneos, apontam o Padre Geovane como o primeiro a celebrar a missa romana de Santa Luzia, onde hoje está a oficina do Sr. Leno, que antigamente era a casa do Sr. Manoel Teixeira (pai do ex-vereador João Teixeira). O nome da rua vem justamente dos enfeites com bandeiras coloridas colocadas em cordões na extensão do logradouro, para receber esta celebração religiosa.

Foi após esta fase, que se destacou o trabalho leigo de Dona Maria do Adolfo (In memorian) à frente da comunidade junto com outros fiéis. De acordo com detalhes do livro de tombo da paróquia, surge então, pela iniciativa dos moradores, o projeto de uma capelinha feita com paredes de taipa e coberta de cavaco e palha, sendo esta rudimentar construção, rapidamente substituída pelo padre José de Féo (Zezinho), com a construção do primeiro prédio em alvenaria, este, que foi inaugurado junto com a ereção da comunidade em paróquia, no dia 12 de dezembro ano de 1977, tendo o Padre Zezinho, como o seu 1º pároco e o Irmão Ergon (lassalista) como o responsável pelas obras. Os primeiros moradores relatam, que no local da construção havia uma enorme árvore de Sumauma e em suas sombras os índios celebravam cultos pagãos. A caixa de concreto colocada como pedra angular da edificação ainda guarda os pertences dos primeiros envolvidos com aquela épica empreitada! No ano de 2002, por ocasião, do 25° Aniversário de Fundação da Paróquia. Foi reinaugurado o prédio ampliado em forma de Cruz, pelo Padre Abas (6° pároco), que festejou as mudanças nas presenças dos Padres Zezinho e Joaquim, fundadores da paróquia e convidados especiais do evento.

A sensibilização da fé católica fortaleceu-se ainda mais ao longo do tempo, com as lutas sociais do chamado "catolicismo popular libertador", que foi um traço de existência do catolicismo no Brasil, nas décadas de 60 a 90. Foi nesta época que os padres italianos da Congregação dos Combonianos (fundada por Daniel Comboni), deixaram seu legado, ajudando nas luta de legalização dos pequenos trabalhadores rurais (através da associação Mutirão), dos direitos das mulheres (com a associação Clube de Mães), demarcação de terras indígenas (ajudando os índios Ka'apor) e realizando frequentes campanhas de ajudas humanitárias. (CONTINUA...).

História da Padroeira Santa Luzia de Siracusa

Corpo intacto de Santa Luzia em seu túmulo na cidade de Veneza
Luzia ou Lúcia (Santa Luzia) nasceu em Siracusa, em uma ilha da Cicília, no Sul da Itália, local de viagens missionárias do Apóstolo São Paulo (Atos 28:11, 12), para onde o apóstolo Pedro enviara São Marciano, seu discípulo, em 39, para evangelizá-la; terra também do célebre matemático Arquimedes, um dia visitada, entre outros, por Ésquilo e Platão (este último a convite de Dionísio, o sábio). Ela, Luzia, viveu entre os anos 283-304 do início da era cristã, no período do reinado do Imperador Dioclesiano (284 a 305).

A santa era de família nobre e rica, filha única, órfão de pai ainda na infância. Por isso, sua mãe, Eutíquia, desejou que a filha tivesse um esposo para que cuidasse e amasse a sua jovem e indefesa filha.

Luzia foi convertida ao cristianismo sob a dinâmica da devoção dos primeiros cristão aos santos mártires da igreja nascente, sendo ela comovida de admiração e veneração a Santa Águeda ainda criança, quando sua mãe Eutíquia, já viúva de Lúcio (?) seu pai, aceitou Jesus como Filho de Deus. Já mais moça, Luzia consagrou-se a esse Deus, oferecendo-lhe a garantia de sua virgindade como voto perpétuo de seu esposamento divino.
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Com a mãe, Eutíquia, vitimada por uma doença hemorrágica incurável, Luzia conseguiu convencê-la de peregrinar até o túmulo de Santa Águeda em Cantânia, onde achou que sua mãe conseguiria curar-se, o que aconteceu.
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Mesmo agradecida a Deus e a interseção de Santa Águeda para a sua cura, Eutíquia não queria que Luzia ficasse sozinha quando ela estivesse ausente neste mundo, então insistiu para que sua filha aceitasse o noivado com o nobre e rico Múcio. Luzia não aceitou, em razão de seu voto de castidade, para a fúria da paixão de Múcio, que apesar da grande beleza da pretendida noiva, deveria também está de olho em seu rico dote nupcial, fortuna esta que Luzia se apressou em distribuir aos pobres, antes do suplício que a tornaria lembrada para sempre por várias gerações de admiradores e devotos.
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Como já era de se esperar, o malvado Múcio denunciou Luzia para Pascásio, Governador da capital da Província Senatorial da Sicília, a cidade de Siracusa. Pascásio, cumpria ordens do Imperador Dioclesiano quanto à perseguição aos cristãos, seita legalmente proibida nas províncias romanas. Diante do tribunal de Pascásio, Luzia confessou-se Cristã e rejeitou adorar os ídolos pagãos de Roma, caracterizando-se, por isso, no entendimento jurídico romano, como traição aos deuses nacionais. Entre as sentenças, os fatos miraculosos: arrancaram-lhe os olhos (mais a vista foi divinamente restabelecida); prostituição de seu corpo (que os soldados nem sequer conseguiram mover); a de queimá-la em uma fogueira mantida acesa com resina, azeite e pixe (que não lhe fez nenhum efeito) e por fim a sua decapitação, que de fato, que lhe fez tombar: era o dia 13 de dezembro do ano 304. A tradição conta que antes de morrer Luzia anteviu o castigo de Pascácio e o fim da perseguição de Diocleciano (que governava como Augusto), que não voltaria a reinar, e a morte de Maximino (que governava como Cesar).