terça-feira, 26 de julho de 2016

História Resumida de Santa Luzia do Paruá-MA


A história de Santa Luzia do Paruá confunde-se e emendam-se com os dados que referem-se a exploração da Bacia Hidrográfica do Rio Turiaçu, da qual faz parte o Rio Paruá, que é um rio genuinamente luziense, nasce na Serra Azul, na fronteira com o município de Nova Olinda, numa localidade chamada Quadra da B6, bem próximo ao aglomerado de aldeias dos índios Ka'apor.
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Já no século XVII, segundo mostra o livro 'A Conquista da Amazônia', do Coronel Cláudio Bento Moreira, o lugar foi caminho de viagens militares e de sucessivos conflitos luso-selvícolas,  desde a presença na região, da esquadra do então alferes Pedro Teixeira, em 1616, quando o mesmo seguia de Belém para São Luís, para dar notícias da fundação do Forte do Presépio (antiga Belém). O monumento a Pedro Teixeira (hoje em Presidente Médici) e o nome da BR 316 (Rodovia Pedro Teixeira) assinalam a importância deste desbravador na historiografia regional.
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Com os caminhos abertos, São Luis e Belém passam a ter certa dependência econômica, tantos que a região chegou a pertencer ao Pará e ao Maranhão, alternadamente até chegar a atual configuração geográfica. 
b No meio destas relações, surgem diversos núcleos de habitações de escravos fugitivos, os quilombos, muitos destes localizados às margens do Rio Paruá, e que, devido as diligências policiais empreendidas contra eles, nem chegaram a ter um nome, tal como relatam em seus livros, o Flávio Gomes (em A 'Hidra e os pântanos') e 'Mundinha Araújo' (em 'História dos Quilombos do Maranhão'). Na bibliografia citada estes negros são lembrados como aqueles que descobriram reservas de ouro na região. Tais negros fugitivos eram originários, em sua grande parte, dos engenhos de Turiaçu, Pinheiro, Santa Helena, Viana, e outros. Um dos quilombos que chegou a ter um nome e ainda existe como comunidade remanescente quilombola do 'Velho Paruá' é o povoado de São Joaquim da Linha (em Presidente Médici), fato comprovado recentemente por uma equipe de pesquisa antropológica do ITERMA, órgão, ligado ao Governo do Estado do Maranhão. É no início do século XIX que aparecem, graças ao resgate destas obras bibliográficas, as primeiras menções documentadas sobre o Rio Parauá. Por meio destes livros percebe-se como projetou-se a forte herança de afro-descendentes em nossa região, principalmente na parte do nosso município que está mais próximo da Baixada, onde nota-se pela história escrita, a presença de ribeirinhos  desde meados do século XIX. A 'Velha Rosa', uma neta de escravos, foi uma entre estes pioneiros a dar as primeiras menções da recente ocupação do povoado, donde ampliou-se toda a ocupação do município luziense. 'Velha Rosa' foi a primeira mulher a habitar o povoado do Paruá, na longínqua década de 50. Seu corpo foi transladado em uma rede mata a dentro até Turiaçu, no povoado de Brito Mutá, lugar onde estavam enterrados seus avós escravos.
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Assim como a 'Velha Rosa', outros pioneiros despertaram interesse pela abundância de riquezas naturais do quase virgem Vale do Paruá, e entre estes primazes exploradores de nossas matas destacaram-se: 'Zé de Rosa', Cizino Fernandes e Raimundo Rodrigues dos Santos ('O Codó'). O município de Turiaçu, de enormes extensões nas décadas de 50, foi o lugar de partida destes chefes de famílias. Dos citados, apenas o 'Codó' era recém chegado à Turiaçu, advindo do Sertão Maranhense, especificamente a cidade de Caxias, sua terra natal.
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Com a exceção deixada pelo extermínio para algumas etnias indígenas devido a expansão luso-brasileira, empreendida em nossa região entre os séculos XVII e XVIII, esta terras sempre foram 'primitivamente' habitada pelos mesmos, destacando-se os tupynambás, uma das raças extintas na região, nos primeiros anos de ocupação lusa no litoral e na dominação dos caminhos terrestres entre Belém e São Luis. 
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Pioneiro Raimundo e a esposa Maria da Conceição
Penetrando as matas com a ajuda dos índios que imigraram do Pará no início do século XIX, os Ka'apor (antigos Pacajás), 'Velha Rosa', 'Zé de Rosa', Cizino Fernandes e 'Codó', em diferentes momentos aproveitaram-se desta relação de amizade para ir com segurança a lugares onde pudessem estabelecer plantios de mandioca, feijão, arroz, etc., aproveitando também as caças e os grandes peixes oferecidos pelas boas vazões do rio Paruá, outros afluentes e os inúmeros igarapés.
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Gradativamente, estes pioneiros foram aproximando-se do Paruá. Essa migração, partindo de povoados de Turiaçu começou pela década de 1930. Em primeiro, estabeleceram-se em Colônia Amélia (Município de Maracaçumé), depois, seguindo os rastros dos índios que ali estavam desde 1878, Cizino funda o povoado de Abaixadinho (Presidente Médici), próximo de onde mais tarde os índios ficaram estabelecidos, 'Urubuçu' (Nome de um povoado e rio medicennse que aflui ao pequeno Paruá e cujo nome lembra outra forma de se referir a estes índios, os 'Urubu-Ka'apor'). O local ficava próximo a São Joaquim da Linha, que pertencia ao município de Santa Helena, e de onde vinham as compras de feiras trazidas em animal.
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Á direta o 1º Pároco da cidade em 1977
Padre Joaquim Sanches
A relação de parentesco entre 'Zé de Rosa', Cizino e 'Codó' serviram para haver uma troca de informações entre estes. Assim, como o 'Zé de Rosa', também o Cizino casou-se com índias. Cada um com duas esposas. Além de dominar a língua falada pelos nativos, esses pioneiros chegaram a morar nos aldeiamentos seminômades dos Ka'apor. Os índios moraram em distintos locais sempre acompanhando as proximidades do Rio Paruá: Onde já funcionou a Olaria do 'Chiquinho'; na Piçarreira (Perto do sítio do falecido 'Zé Pagaio'); onde atualmente assenta-se a Igreja Matriz da cidade (no Centro); no Monte Dourado (Fazenda do 'João Marreteiro'); no Rio Taboca, no Lelau, até se estabelecerem junto a nascente dos rios Paruá e Maracaçumé, na Reserva criada por força de Lei Federal em 1986. Más foi no atual povoado do Cizino, que o 'Sr. Cizino' interrompeu seus dias, sendo seu legado principal a abertura dos caminhos que permitiu a fundação do povoado do Paruá (já antes chamado como na língua original, 'Parauá', assim ficando até 1974, quando o II Batalhão de Engenharia e Construção do exército que trabalhou na construção da BR 316, ergueu uma placa com o nome da ponte sobre o rio com a corruptela que ainda prevalece: 'Paruá'.
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Além do Cento da 'Velha Rosa' (ainda hoje com o mesmo nome), também por intermédio de Zé de Rosa, 'Codó' se estabelece para fazer história, sendo que já em 29 de dezembro de 1957, começa o que depois fora chamado de povoado do Tracuá (hoje, a sede municipal). O nome Tracuá, vem do tupy e significa "Formiga", mas nosso aventureiro era devoto de Santa Luzia e de família muito religiosa, foi então que resolveu trocar o nome de TRACUÁ por SANTA LUZIA, que já próximo da década de 80 ganhou o anexo de PARUÁ em homenagem ao rio que aqui banha a cidade e também devido a sua importância econômica, histórica, cultural, ecológica e geográfica para os seus moradores.
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"Cocota", a filha mais velha do pioneiro Raimundo
Outros dados importantes da identidade municipal foram sendo confirmados sob a presença de 'Codó até o ano de sua morte em 1981': A primeira missa foi celebrada pelo sacerdote da Igreja Católica Apostólica Brasileira - ICAB, o padre Adolfo Spósio, que na presença dos índios Ka'apor e outras cinco famílias, batizou diversas almas pagãs, em 13 de dezembro de 1959, no local onde hoje é o povoado Santa Rosa; o começo da construção da estrada em 1961 e sua inauguração em 30 de março de 1974; a criação da Companhia de Colonização do Nordeste - Colone, que desde 1972 assentou apenas 2 das 16 mil famílias de trabalhadores rurais englobadas pelo Projeto de Colonização Rural do Alto Turi; a crise de meningite em 1973, cujas mortes levaram muitas famílias a mudarem-se para a atual sede municipal, motivo que levou o Tracuá ficar em maior evidência, com maior número de moradores; a titulação de terras nos assentamentos rurais com a intermediação sindicato com "Sr. Antonio do Sindicato", 'Doda' e tantos outros à frente deste trabalho em 1988; a abertura de crédito por meio do Banco Mundial que entre os anos de 1970-80 objetivou-se, por exemplo, em alavancar a importação extensiva de carne bovina, desprestigiando a agricultura de base familiar e dando origem as desigualdades sociais e o latifúndio na região, entre outros.
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Na presença de 'Codó', as necessidades mais básicas da comunidade, levam a formação de uma classe política, empurrada pelas ações sociais incansáveis dos missionários estrangeiros da Igreja Católica Romana (tais como o padre espanhol Joaquim Sanches, missionário comboniano). Mas, 'Codó' não chegou a está com vida para ver realizar-se o grande sonho de ver o Tracuá emancipar-se do abandono a que a sede submetia os moradores de nosso povoado, pois 'Codó' veio falecer vítima de um AVC ainda em 1981 (em 11 de junho).
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Carlindo Alves, Vice-prefeito em Turiaçu
Apesar de ter sido considerada pertencente ao município de Santa Helena até a abertura da BR 316 em 1961, 'Santa Luzia', como era chamada, logo passou a integrar o município de Turiaçu, devido aos critérios da vasão dos rios, matendo-se nesta condição até o dia 30/11/1987. O então povoado elegeu um vice-prefeito (Carlindo Ales da Silva) e diversos vereadores, em 1976 e em 1982. Desta geração de políticos, três merecem especial destaques: Antonio Vereador (eleito em 1976 e que fez os primeiros contatos em prol da emancipação municipal), Carlindo Alves (vereador em 1976 e vice-prefeito em 1982 que também empreendeu a luta emancipatória) e João Moraes de Sousa (eleito em 1982 e quem de fato consolidou a luta 'apaixonada' pela emancipação).
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"Antonio Vereador"
A nível de parcerias junto ao Governo do Estado, o principal aliado desta luta foi o deputado estadual Marcone Caldas (In Memorian) que no simbólico dia 22 de abril de 1981 recebeu das mãos do então vereador Antonio Silva de Moraes (o 'Antonio Vereador') um abaixo-assinado com 695 assinaturas, obtidas com as ajudas de João Moraes (que ainda não era eleitor no município) e Osmar Andrade Pessoa (vereador 1997-2001), entre outros. 
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Submetido a plebiscito popular, os luzienses tiveram que superar ainda a ferrenha oposição do então povoado de Nova Olinda, que também pleiteava a emancipação municipal sob a liderança do ainda coletor de impostos Hemetério Weba (hoje deputado estadual). Mais tudo deu certo para os luzienses, que festejaram a conquista da emancipação, vindo esta a consagrar-se em 30 de novembro de 1987, sob a lei estadual número 4.827.
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Ex-vereador João Moraes de Sousa
Em 1994, o município de Santa Luzia do Paruá sofreu alterações no seu aspecto geográfico, em consequência da perda das terras correspondentes ao distrito de Nova Olinda do Maranhão e Presidente Médici (Santa Teresa) que foram elevadas a categoria de Municípios, através da Lei Estadual nº 6.159.
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Sede de comarca desde 1993, a cidade de Santa Luzia do Paruá é uma referência para a região do Alto Turi. Parada obrigatória de muitos católicos piedosos, pois tem como um dos seus principais cartões postais, uma estátua de 20 metros de altura da Santa Padroeira do lugar. É também conhecida pela destacável produção de mel, o que já lhe deu o título de 'Capital Maranhense do Mel'. 
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Com a alternância de 7 gestões de prefeitos, alguns com dois mandatos, citando aqui o Hemetério Weba, o Harolfran Alves de Melo, o Riod Ayoub Jorge, o Nilton Ferraz e a Eunice Damasceno, o município ainda amarga as consequências de seu passado com um IDH (de 0,599) muito aquém da média do estado (0,639) _ que já é segundo pior do país, segundo dados do IBGE em 2010. 
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Com uma população de 22.644 habitantes e uma estimativa que tende a superar os 25.000 moradores em 2015, nossa comuna tem uma densidade demográfica calculada em 25 habitantes para cada Km² e é um dos municípios que mais cresce na região do Alto Turi.
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Responsabilidade da pesquisa
Luis Magno Alencar (Licenciado em História pela UEMA e pós-garduado em História e Cultura Afro-Brasileira pelo ESEA).

 HOUVERAM QUILOMBOLAS ESTABELECIDOS EM SANTA LUZIA DO PARUÁ?
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As matas do Turiaçu e Gurupi foram cenários de algumas das maiores perseguições aos negros cativos da Baixada Ocidental Maranhense. A Fazenda Juçaral, às margens do Rio Parauá (hoje com a corruptela de Paruá), próximo ao famoso quilombo do rei Cris-Santo foi um dos lugares de onde separtiram várias diligências policiais para a captura de amocambados, inclusive com ajuda de oficiais da Guarda Nacional. O Quilombo de Cris-Santo, que existiu entre os anos de 1810 a 1853, ganhou notoriedade na Província do Maranhão devido a seu temor em razão de empreendidos ataques a fazendas de suas adjacências e por sua proximidade com as Minas de Ouro às margens do Rio Maracassumé, descobertas pelos próprios aquilombados e, com os quais desenvolveram um sigiloso comércio na Região do Médio Turiaçu.
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É interessante de se notar que a literatura brasileira menciona que os chefes dos mocambos eram chamados de "reis" pelos seus subalternos, o que é justo, pois estas "monarquias" conseguiram manter vívida a resistência em uma floresta fechada, sendo os negros fugitivos, perseguidos, ora por índios bravios ora pela polícia que tratava o desvinculamento das senzalas um crime contra a economia do Império do Brasil. Sendo assim, mantém-se como inesquecíveis heróis na história de resistência negra entre os rios Turiaçu-Gurupi, não apenas Cris-Santo, más também "rei" Estevão (do Quilombo de Limoeiro-Rio Gurupi) e "rei" Daniel (do Quilombo de São Benedito do Céu-Rio Bonito, afluente do Turiaçu), sendo este último "monarca", muito influenciado pelo ideal liberacionista do eterno "Imperador Bem ti-vi", o negro Cosme, principal líder da Balaiada.
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O que me chama a atenção quanto à pesquisa que fiz sobre a presença quilombola em minha região, é destacada importação do Rio Parauá como local de quilombos anônimos (comum no época) e conhecidos (como o de Cris-Santo). Atualmente este rio é a divisa natural entre os municípios de Nova Olinda, Presidente Médici, Santa Helena e Santa Luzia do Paruá. Antes de os índios Ka'apor se assenhorearem do Parauá (seguramente depois de 1878), destacamentos militares eram enviados para tentarem encontrar escravos fugitivos que pudessem está aquilombados a sua volta, o que é possível que tenha havido, pois segundo a pesquisadora Raimundinha Araújo, muitos destes locais de confinamento não foram identificados até por conta dos contantes deslocamentos como artifício de defesa . O pesquisador Flávio dos Santos Gomes, chega a mencionar o Parauá como o lugar para onde os negros não-capturados refugiaram-se após a diligência policial ao Quilombo de São Benedito do Céu, em 1858. Vale lembrar que na a aproximação das diligencias policiais, faziam os quilombolas desertarem em algum esconderijo na floresta, de forma que haviam os quilombos de subsistência (com poucas casas) e os quilombos bélicos (em que os amocambados preparavam-se para um eventual conflito em defesa de sua autonomia), estabelecendo uma sociedade ampla, em comunicação direta entre ambos, inclusive com os negros ainda cativos nas cenzalas de Santa Helena, Pinheiro, Viana, etc..
A luta bicentenária dos negros e seus remanescentes pela autonomia de sua raça nas hidras do Turiaçu, tem e ainda pode gerar muitos louros de conquista as suas histórias de bravura (o tempo pode tornar vencedores os que a história formal fadou como vencidos). Um exemplo prático disso, é o processo de titulação de terras quilombolas, em quais, só recentemente o Governo do Estado encomendou um estudo antropológico para certificar-se da presença de remanescentes de quilombolas as margens do Rio Turiaçu e seus afluentes, entre os tais, o Rio Paruá . Sob o prisma de uma tardia justiça, após anos de conflitos em torno da questão fundiária, este mês de novembro, São Joaquim da Linha (Presidente Médici), que, equivocadamente foi mencionada pelo censo do IBGE e pelo ITERMA como pertencente à Santa Helena, receberá técnicos do Estado para cumprir uma agenda política que visa a regularização de lugares ocupados há anos por remanescentes de quilombos.Os técnicos do Instituto de Colonização e Terras do Maranhão (Iterma), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Agricultura Familiar (Sedes), estarão realizando em vários locais do Estado, um amplo trabalho do Programa de Regularização Fundiária do Estado em comunidades remanescentes quilombolas. Colocando de lado esta questão de divisas e de histórico fundiário local, o que importa saber é que o Rio Paruá não é apenas um simples lagadiço da BR-316 por onde se achegaram grileiros, posseiros e retirantes em décadas recentes, pois há anos, índios Ka'apor e quilombolas já disputavam a fertilidade dos territórios que ficavam a sua volta.
 História da Padroeira Santa Luzia de Siracusa
Corpo intacto de Santa Luzia em seu túmulo na cidade de Veneza


Luzia ou Lúcia (Santa Luzia) nasceu em Siracusa, em uma ilha da Cicília, no Sul da Itália, local de viagens missionárias do Apóstolo São Paulo (Atos 28:11, 12), para onde o apóstólo Pedro enviara São Marciano, seu discípulo, em 39, para evangelizá-la; terra também do célebre matemático Arquimedes, um dia visitada, entre outros, por Ésquilo e Platão (este último a convite de Dionísio, o sábio). Ela, Luzia, viveu entre os anos 283-304 do início da era cristã, no período do reinado do Imperador Dioclesiano (284 a 305).

A santa era de família nobre e rica, filha única, órfão de pai ainda na infância. Por isso, sua mãe, Eutíquia, desejou que a filha tivesse um esposo para que cuidasse e amasse a sua jovem e indefesa filha.

Luzia foi convertida ao cristianismo sob a dinâmica da devoção dos primeiros cristão aos santos mártires da igreja nascente, sendo ela comovida de admiração e veneração a Santa Águeda ainda criança, quando sua mãe Eutíquia, já viúva de Lúcio (?) seu pai, aceitou Jesus como Filho de Deus. Já mais moça, Luzia consagrou-se a esse Deus, oferecendo-lhe a garantia de sua virgindade como voto perpétuo de seu esposamento divino.
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Com a mãe, Eutíquia, vitimada por uma doença hemorrágica incurável, Luzia conseguiu convencê-la de peregrinar até o túmulo de Santa Águeda em Cantânia, onde achou que sua mãe conseguiria curar-se, o que aconteceu.
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Mesmo agradecida a Deus e a interseção de Santa Águeda para a sua cura, Eutíquia não queria que Luzia ficasse sozinha quando ela estivesse ausente neste mundo, então insistiu para que sua filha aceitasse o noivado com o nobre e rico Múcio. Luzia não aceitou, em razão de seu voto de castidade, para a fúria da paixão de Múcio, que apesar da grande beleza da pretendida noiva, deveria também está de olho em seu rico dote nupcial, fortuna esta que Luzia se apressou em distribuir aos pobres, antes do suplício que a tornaria lembrada para sempre por várias gerações de admiradores e devotos.
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Como já era de se esperar, o malvado Múcio denunciou Luzia para Pascásio, Governador da capital da Província Senatorial da Sicília, a cidade de Siracusa. Pascásio, cumpria ordens do Imperador Dioclesiano quanto à perseguição aos cristãos, seita legalmente proibida nas províncias romanas. Diante do tribunal de Pascásio, Luzia confessou-se Cristã e rejeitou adorar os ídolos pagãos de Roma, caracterizando-se, por isso, no entendimento jurídico romano, como traição aos deuses nacionais. Entre as sentenças, os fatos miraculosos: arrancaram-lhe os olhos (mais a vista foi divinamente restabelecida); prostituição de seu corpo (que os soldados nem sequer conseguiram mover); a de queimá-la em uma fogueira mantida acesa com resina, azeite e pixe (que não lhe fez nenhum efeito) e por fim a sua decapitação, que de fato, que lhe fez tombar: era o dia 13 de dezembro do ano 304. A tradição conta que antes de morrer Luzia anteviu o castigo de Pascácio e o fim da perseguição de Diocleciano (que governava como Augusto), que não voltaria a reinar, e a morte de Maximino (que governava como Cesar).

Uma devoção que atravessou séculos:
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Século IV:
O culto a Santa Luzia se espalhou por toda a Itália e mais tarde por toda a Europa e outros continentes, até chegar ao Brasil, com os portugueses. Só em Roma havia vinte igrejas dedicadas à Santa Luzia. Ela foi uma das quatro virgens, junto com as Santas Inês, Cecília e Águeda, que gozavam de ofício próprio e cujos nomes tiveram o privilégio de serem invocados no Cânon da Santa Missa. No mesmo lugar onde ela foimorta teve uma sepultura onde em 313 foi construído um santuário a ela dedicado
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Já nos século V e VI:
Mencionada no antigo Martirológio Romano e no Martirológio de Beda, o Venerável, Santa Luzia é ainda mencionada noTractatus de Laudibus Virginitatis e no poema De Laudibus Virginum de Santo Aldheim.
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Século IX:
Quando, em 878, os árabes conquistaram a ilha da Sicília, o corpo de Luzia foi escondido.
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Século X:
Mais tarde, em 972, o imperador Otão I tramsferiu as relíquias da santa para a igreja de São Vicente, em Metz, de onde um seu braço foi levado para o mosteiro de Luitburg, na diocese de Spire. Quando os francos conquistaram Constantinopla encontraram algumas das relíquias da santa que o Doge de Veneza levou para o mosteiro de São Jorge, em Veneza.
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Século XI:
No ano 1039 o general bizantino Giorgio Maniace transferiu o que sobrou do corpo de Santa Luzia de Siracusa a Constantinopla, para tirá-la do perigo de invasão da cidade de Siracusa da parte dos Saracenos (mulçumanos).
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Século XII:
Segundo o monge Sigebert (1030-1112), de Gembloux, no seu sermão de Sancta Lucia, dizia que o corpo de Santa Luzia tinha ficado incorrupto durante 400 anos na Sicília, antes de o Duque de Spoleto conquistar a ilha e o ter levado para Corfinium, na Itália.
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Século XIII:
No ano 1204 durante a quarta cruzada, o Doge de Veneza, Enrico Dandolo, encontra em Constantinopla os restos mortais da Santa e as leva para Veneza, para o mosteiro de São Jorge e no ano 1280 a faz transferir para igreja a ela dedicada, em Veneza. Algumas citações se encontram na Suma Teológica de Santo Tomás de Aquino (1225-1274). Entre os seus devotos encontramos Santa Catarina de Siena e São Leão Magno.

Século XIV:
Na obra "A divina comédia", de Dante Alighieri (1265-1321) Luzia, mártir e santa, é apresentada como símbolo da graça iluminante. O imortal poeta italiano agradecia a Santa Luzia pela cura de uma doença nas vistas.
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Século XVI:
Já no ano de 1513, os venezianos presentearam Luís XII de França com a cabeça da santa que ele depositou na igreja catedral de Bourges. O próprio Dante declarou-se um fiel devoto de Santa Luzia.
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Século XIX:
Descoberta arqueológica revela o testemunho mais antigo em uma epígrafe marmórea em grego, do século IV, descoberta no ano 1894 nas catacumbas de Siracusa, prova da existência e comprovação de seu martírio. 
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Século XX:
Em 1939, seu corpo, bastante conservado, foi colocado numa urna nova. O patriarca Ângelo Roncalli, depois papa João XXIII, em 1955 fez com que se confeccionasse uma máscara de prata para envolver as santas relíquias.

Século XXI:
Está numa lista sumária de santos, cujos restos mortais não foram deteriorados pelo tempo. No caso de Luzia, este fenômeno sem explicação consensual entre a Igreja e a Ciência, ainda é um mistério, pois Luzia foi martirizada a mais de 1700 anos, confiraSantos incorruptos! Segue vídeo com história narrada de Santa Luzia:


Pesquisa de Luís Magno Alencar